Eu vi a neve de 23 julho de 2013!!! Vejam o filme e leiam o artigo.
Para mim foi emocionante. E você viu???
A neve que cai aqui não cai como lá
Em Curitiba, é caso de divã essa expectativa quase doentia, a ansiedade pelos floquinhos, a tara pela neve. Talvez porque, inseguros de frio, precisemos reafirmar a nós mesmos que somos a capital mais gelada do país, ora, onde até neva.
O rebu da última terça-feira durou minutos, mas será lembrado e discutido até a próxima neve, daqui a 38 anos, talvez. Metade, ao menos, do que demora o cometa Halley – outro que muitos dizem que viram, mas não viram.
Se teve uma coisa boa nessa história toda, cientificamente falando, foi aprender o que é sleet, a chuva congelada capaz de separar otimistas de pessimistas. O fato é que, com sleet ou a neve que caiu (caiu?), tão mirrada que não deu nem para um boneco, a terça-feira passada foi singular.
Relatos dão conta de que pedestres encorujados, assim que notaram pontos brancos na japona, cumprimentaram espontaneamente quem vinha na direção oposta, acenando com a cabeça ou levantando o polegar enluvado. “Tá nevando,” disseram, baixinho, com a incerteza de quem fala com um estranho às 8 da manhã. Mais ou menos como fazem os ciclistas que se cruzam pelo caminho, cúmplices do bate-queixo de todos os dias de julho. O frio aproxima, então?
Durante a neve, viramos todos Pollyannas. Às 10 horas, fotos em redes sociais tentavam mostrar algo que, de fato, não existia. Seria sleet? Nas conversas de elevador – teve até disso na terça – perguntas se sobrepunham, buscando uma verdade comum e alentadora, capaz de apaziguar quatro décadas de esperança.
– Você viu a neve?
– Vi. Quer dizer, acho que vi.
No clima de freezer aberto que se instalou na madrugada de segunda-feira, o responsável pelo Twitter do Simepar, com precisão poética, soltou essa: “Gente, vamos com calma. Esta câmera ao vivo no Batel registra esta garoa fina, que brinca livre ao vento, que está presente em toda Curitiba.” O pessoal chateou.
Mas horas depois, confirmado o fenômeno para além do sleet, veio o registro em música. Lívia Lakomy (da banda Lívia e os Piá de Prédio) e Bernardo Bravo (da Felixbravo), lançaram no YouTube “Mas Que Nevou, Nevou”, um resumo do acontecimento mais rápido, gelado e incrível dos últimos tempos nessa cidade adoravelmente histriônica. “Da minha janela vi o floquinho cair/ Desci pelo elevador/ Mas quando cheguei no térreo notei/ Que a neve não esperou.” Só em Curitiba dez minutos duram tanto tempo. E são capazes de tanta